segunda-feira, 3 de dezembro de 2007


Semana passada tive que ir ao Poupa Tempo Santo Amaro buscar um Atestado de Antecedentes Criminais. Acho desnecessário, já que sou uma pessoa ótima: nunca matei ninguém à toa, nunca fui preso sem motivo. Mas, enfim...

Minha senha era de número 7.104 e estavam chamando o 6.405 quando cheguei.
Pensei: até aí tudo bem, tenho que agradecer por poder me dar ao luxo de não trabalhar hoje.

Até eu ser chamado demorou 3 horas e o banco era extremamente desconfortável.
Pensei: até aí tudo bem, pelo menos não estou esperando em pé.

O cara do meu lado esquerdo estava dormindo, roncando.
Pensei: até aí tudo bem, vai que ele trabalhou a noite inteira, coitado.

O cara do meu lado direito era analfabeto e cada 5 minutos me perguntava se era a vez dele.
Pensei: até aí tudo bem, vai saber o quanto ele já sofreu na vida e não pôde estudar, coitado.

O cara no banco atrás de mim estava ouvindo Bonde do Tigrão no viva-voz do celular.
Pensei: até aí tudo bem, também gosto de compartilhar minhas músicas com meus amigos.

A mulher da minha frente estava catando piolho na filha. Cada aracnídeo que a mãe extraia da piolhenta, ela mostrava orgulhosa para sua prole. Segurava-o então entre as unhas com incrível habilidade e pressionava até que explodissem. Sim, eles explodiam... e o som ecoava pelo galpão. Até acho que não eram piolhos, deviam ser carrapatos. Não, não... deviam ser mini hipopótamos, pelo barulho que faziam. E então ela mostrava novamente o sangue para a filha, depois limpava as unhas em sua calça e recomeçava o ciclo.
Pensei: vá pá puta que o pariu, sua porca!


UPDATE: Aos meus amigos que não entenderam a construção do texto: Sim, piolho não é um aracnídeo, assim como também piolho não é carrapato e muito menos um mini hipopótamo. =)


Acho que é isso...